sexta-feira, 21 de maio de 2010

O Canal: RTP1



A nova rubrica do Por Outro Olhar consiste numa análise, mais ou menos profunda, daquilo que é apresentado em determinado canal de televisão. Como não podia deixar de ser, nada melhor que começar a primeira rubrica com o primeiro canal, a RTP1.
Aquela que já foi dona e senhora de todos os televisores do país, emitindo a sua programação no remoto e já quase inexistente televisor tradicional, numa época onde telecomando era uma palavra inútil, visto praticamente não existirem e serem desnecessários, atendendo ao facto de existir apenas um canal, está hoje um pouco moribunda e à procura do seu caminho, que já esteve definido e que entretanto se perdeu.
A época das gloriosas séries, das inesquecíveis telenovelas e dos concursos que jamais nos deixarão a memória já passou. As constantes tentativas de regressar ao passado e trazer para os nossos dias alguns desses produtos, nem sempre deram certo e são poucos os que podem ser resgatados. Criado para um povo de mentalidade fechada, onde o pensamento era perseguido e os gestos impedidos, apenas o humor era garantido para atingir bons índices de audiência. Quem não se lembra de séries como “Nem o Pai Morre Nem Agente Almoça”, “Casa Portuguesa”, “Nico D’Obra”, “Nós os Ricos”, de novelas como a eterna primeira, “Vila Faia”, “Terra Mãe” “A Lenda da Garça”, “Lusitana Paixão”, séries que marcaram uma geração como é o caso de “Riscos”, das boas séries “Os Lobos”, “A Ferreirinha” e da actual “Conta-me como foi”? Programas que fazem parte de uma RTP vencedora, dedicada ao seu público, fiel aos seus ideais. Hoje podem ser vistos ou revistos no canal dedicado ao passado da RTP, a RTP Memória. São lembradas com saudade e comparadas com produtos actuais, no entanto já não fariam moça na concorrência se voltassem ao primeiro canal. O caminho da estação pública faz-se de renovações de fórmulas, ou seja, de séries e novelas. Se no passado a RTP e a gigante brasileira Rede Globo eram parceiras, agora a estação faz parceria com as restantes emissoras, como a Record, Sbt e Band. Por muito bons programas que tenham jamais igualarão a toda-poderosa e isso reflecte-se nos resultados. Com uma programação diversificada, o que se pretende numa estação pública, a RTP1 só não consegue pontuar mais por um simples facto: não abrange todos os públicos e está desacreditada. São poucos os que param para a ver e ainda menos os jovens que lhe dão oportunidade. Tirando os momentos de humor, algumas séries inéditas e documentários ou entrevistas, a RTP resume-se a mofo, algo fora do seu tempo, por renovar. Por onde anda a rainha dos televisores, dona e senhora do país? Perdeu-se no tempo, morreu, ou está à espera de que os tempos passados voltem outra vez? Inovação precisa-se e embora não seja dos piores canais, para um canal do estado, fazer o que a RTP faz é deixar um pouco a desejar… 

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