segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Especial Opinião - Laços de Sangue!

 
Aquela que poderia ter sido uma das maiores dores de cabeças da SIC nos últimos anos tornou-se rapidamente na sua garantia de audiências, que se veio a prolongar por mais de um ano em antena. Laços de Sangue, ao ser produzida em parceria com a Rede Globo foi uma produção com gastos superiores aqueles que a estação de Carnaxide estava habituada, contudo, se por um lado o investimento foi um risco, a presença de uma das maiores produtoras de novelas do mundo fez com que esse risco fosse diminuto.

Até à estreia em antena, no dia 13 de Setembro de 2010, foram muitas as críticas apontadas à escolha de uma jovem actriz, saída da geração ‘Morangos’, para interpretar a grande vilã da trama. No entanto, só muito tempo depois se soube que a escolha de Joana Santos para o papel principal foi indicação da própria estação brasileira, que acertou em cheio. Sem ser muito conhecida pelos seus trabalhos, mas já com alguma experiência na área da representação, Joana Santos seria perfeita no papel. Afinal, tudo o que o telespectador veria seria somente a personagem e não o lado pessoal da actriz, como aconteceria com Cláudia Vieira, que foi inicialmente cotada para viver a vilã.

Já definidos os papéis, circulava um pouco por toda a parte o ‘perigo’ que era dar a Diana Chaves o papel de protagonista. Também ela descoberta em ‘Morangos com Açúcar’, nunca convencera muito na representação e este seu personagem até hoje que não mudou as opiniões generalizadas. Contudo, não se pode negar que houve evolução positiva ao longo de toda a trama e que hoje, mesmo sem convencer enquanto Inês, Diana Chaves está muito melhor no seu papel comparativamente com o início da trama.


Com a supervisão de um dos mais acarinhados autores brasileiros, Aguinaldo Silva, Laços de Sangue conseguiu o impensável e conquistou os portugueses aos poucos. A maldade de Diana e o drama de Inês eram dois dos motivos para acompanhar a novela diariamente, no entanto, para além do núcleo central foi o incrível casal Coutinho que muitos telespectadores atraíram para a SIC. Com rasgos de bom humor e excelentes interpretações de Custódia Gallego e João Ricardo, Geraldina e Armando Coutinho já têm lugar assegurado na história das novelas da SIC e no coração dos portugueses.

Retratando um pouco a realidade portuguesa, Laços de Sangue somou pontos com o desenrolar da trama e abordagem a vários problemas, como o desemprego, o vício do jogo, o alcoolismo, a luta contra o cancro e a ambição desmedida. Com o tempo foi crescendo em audiência, conquistando público fiel e é hoje um marco na ficção da SIC.
Pedro Lopes e a sua equipa conseguiram criar uma história de sucesso onde o drama e o humor estiveram presentes em doses iguais, com núcleos bem definidos e com destaque para todos. Contudo, a trama sofreu com a sucessão de aumentos de episódios e o interesse que sempre se manteve nos primeiros dias acabou por desvanecer. É que se inicialmente estavam previstos cerca de 180 episódios, o sucesso fez com que esta terminasse com 322. Um outro ponto negativo a apontar à trama de Pedro Lopes foi não ter havido um grande confronto entre Inês e Diana, a fazer lembrar cenas memoráveis tais como as brigas de Laura e Maria Clara em Celebridade ou Maria do Carmo e Nazaré em Senhora do Destino. Por cá a vilã só apanhou mesmo de Gastão e das guardas prisionais.


Com muitos mais pontos a apontar, Laços de Sangue não se pode dizer que foi perfeita, afinal tornou-se um pouco arrastada e a razão de tanta maldade por parte de Diana nunca foi bem justificada, apenas se sabe que o motivo principal foi o acontecimento inicial e que deu o mote à trama. Contudo foi sem dúvida a novela que mais alegria deu aos portugueses e aquela onde puderam ver retratadas situações que poderiam ser as nossas. Viram em Diana uma grande vilã, fria e calculista, olharam com consternação para Graciete, viram em Sheila e Mariza as queridas inimigas, que não passam uma sem a outra, acompanharam o drama de Adelaide, conheceram Lourenço e Gabriela, identificaram-se com Álvaro e Fátima, Manel e Catarina, João e Inês e tantos outros personagens que fizeram com que fossem criados laços que perduraram e que serão para sempre chamados Laços de Sangue.

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